Conselhos de uma jovem para a convivência entre gerações
05/12/2024
“Os mais velhos têm que ‘desligar’ seu cérebro de professor ou pai/mãe, da figura que detém a autoridade”, ensina Denise Webb Já perdi a conta de quantas colunas escrevi abordando o preconceito contra os idosos, e destacando a importância da convivência entre as gerações para derrubar os estereótipos sobre a velhice. Dessa vez, vou apresentar a perspectiva de uma jovem sobre as dificuldades de estabelecer uma conexão com os maduros. A norte-americana Denise Webb tem 20 anos, estuda biologia e trabalha numa organização que luta pela equidade racial. Também é coautora, ao lado de Wendy Lesko, do livro “Why aren´t we doing this!” (“Por que não estamos fazendo isso!”), que mostra como as empresas se beneficiariam ao acolher a garotada em seus quadros, listando, inclusive, estratégias para alcançar esse objetivo.
Convivência entre gerações: ninguém é jovem demais para liderar ou velho demais para aprender
Coritonjes0 para Pixabay
“É preciso acabar com a visão estereotipada de que os jovens não sabem nada. Sempre digo que os mais velhos têm que ‘desligar’ seu cérebro de professor ou pai/mãe, da figura que detém a autoridade. Num espaço intergeracional, não somos estudantes ou crianças, somos colegas, companheiros de trabalho. Ninguém é jovem demais para liderar ou velho demais para aprender. Em vez de ficarmos presos no senso de hierarquia, o que temos que fazer é focar nos valores que temos em comum, que fazem sentido para todos e que podem criar conexões significativas. Equidade é a palavra da nova sociedade”, defendeu.
Webb brilhou no debate “O que é o futuro intergeracional?”, realizado há duas semanas pelo Longevity Project. Ramsey Alwin, presidente do Conselho Nacional de Envelhecimento (NCOA em inglês) e outra participante do evento, lamentou a distância que existe hoje:
“Em vez de conviver, as gerações se afastaram, por causa de uma política de isolamento que inclui os projetos de urbanização de condomínios para aposentados, apartados de outros grupos. Estudos comprovam que empresas se tornam mais competitivas com a convivência entre jovens e maduros”.
O jornalista canadense Carl Honoré, autor de “Devagar: como um movimento mundial está desafiando o culto da velocidade” e “Bolder: making the most of our long lives” (“Ousados: dando o melhor de nossas vidas mais longas”) lembrou que, embora o culto à juventude seja pervasivo em nossa sociedade, o etarismo também afeta os jovens:
“Eles costumam receber rótulos, como o de ‘snowflakes’ (a expressão floco de neve se refere, de forma pejorativa, aos jovens adultos que seriam emocionalmente mais vulneráveis e menos resistentes) e podem ser excluídos. Acredito que achar uma paixão em comum quebra o gelo entre as gerações”.
Para fechar, gostaria de compartilhar o trabalho da plataforma digital Eldera, cujo propósito é conectar gerações. De um lado, crianças e jovens entre 6 e 17 anos; do outro, sêniores acima dos 60, que se encontram virtualmente para conversas e atividades semanais.
“Há uma troca mútua de perspectivas, que enriquece jovens e idosos. Os primeiros se beneficiam com lições de vida; os segundos, com uma convivência que quebra seu isolamento”, afirma Dana Griffin, criadora e CEO do Eldera.